A tradição no moderno; a ancestralidade na contemporaneidade; o conservador na vanguarda; o étnico no urbano; a síntese na antítese.


segunda-feira, 21 de maio de 2012

O manto (ou A coroação da aparecida do rio)


No quadro “O manto (ou A coroação da aparecida do rio)” a pintura se mistura a um romance cordelista em forma poética trazendo uma nova “embolada” visual, onde a métrica e a rima de seus versos vestem uma roupagem alegórica e contemporânea, através das imagens pictóricas a trama é “cantada” ao longo da fruição da experiência estética.
Tudo parte do corpo nu e suas curvas sensuais sendo revelada e velada entre as tranças longas, onduladas e em constante movimento como se estivesse a seguir um fluxo de uma correnteza, que de maneira natural acabam se desfazendo e se entrelaçando em outras partes, exposto também na maneira que foi pintada depois raspada com facão e pintada novamente.
Entre as tranças surge em primeiro momento, as flores como ornamento acompanhando a narrativa, as flores ou óvulos ou a vida que brotam em seus caules longos que tem como matriz o corpo fértil feminino.
O desafio do repentista segue, e o corte desse fluxo orgânico vem através da sobreposição chapada do veludo ou da sacralização da imagem com a sua coroação do pente africano ornamentado, e as flores arrancadas das tranças. O manto é todo alinhavado com franjas de linha e pintado com cirandas florais imprecisas.
O movimento das curvas femininas e orgânicas se contrapõe as figurações estáticas em tinta densa e uma palheta de cores variadas dos adornos do manto, os limites impostos pelos alinhavos não contém a “correnteza” da volúpia carnal, criando um paradoxo entre os limites espaciais impostos e o fluxo originário que deseja seguir.

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